sábado, 19 de setembro de 2009

Motos poluem mais que carros



Motos poluem mais que carros

MAURÍCIO KANNO colaboração para a Folha Online





Responda rápido: o que polui mais, carro ou moto? Se você pensou no veículo de quatro rodas, errou.

Embora pareça lógico imaginar que as motocicletas sejam mais "verdes" por serem menores, estudos mostram exatamente o contrário. As novas motocicletas produzidas e vendidas em 2008 emitem até quatro vezes mais poluentes que os automóveis, mostra relatório da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo).

O matemático Jucélio Rocha dos Santos, 29, pilotou moto por dois anos para tentar contornar o trânsito de São Paulo. Confiava que a sua, comprada em 2007, iria poluir menos do que um carro, "por ser menor e consumir menos combustível" e ainda mais "por ser moderna, com catalisador". Ledo engano. "Via de regra a emissão de poluentes das motos é sempre maior", diz Vanderlei Borsari, gerente da divisão de Transporte Sustentável e Emissões Veiculares da Cetesb.
Joel Silva/Folha Imagem




Serviço de moto-táxi, no largo do Arouche, no centro de São Paulo; as motocicletas poluem até quatro vezes mais que os automóveis

Segundo o diretor-executivo da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares), Moacyr Alberto Paes, o atual nível de emissão de poluentes de motos pode chegar a até seis vezes mais do que o nível dos carros.


A falta de espaço no veículo de duas rodas para instalar filtros, tratar o escapamento e motor é apontada como uma dificuldade técnica para fazer das motos instrumentos mais ecológicos.
O Promot (Programa de Controle da Poluição do Ar por Motociclos e Veículos Similares) começou somente em 2003 a refinar técnicas para restringir a emissão de monóxido de carbono, 15 anos depois do Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores).
Apesar de, em 2009, o Promot ter imposto restrições ainda mais severas de emissão de poluentes das motos, ele se refere somente à produção e venda de veículos novos.
De acordo com estudo da Cetesb, 49,8% das motocicletas que circularam em 2008 na região metropolitana de São Paulo não tiveram controle de emissões, pois foram produzidas antes do programa entrar em vigor. Outros 16,2% atenderam à fase 1 do programa e 34% à sua fase 2, com restrições mais leves.


Comparação de poluentes

O gerente da Cetesb informa que, para motos nacionais entre 151 a 500 cilindradas, a média ponderada --ajustando-se pelo total de veículos vendidos-- de poluentes emitidos pela frota vendida em 2008 foi de 0,98 grama de CO por quilômetro rodado, quase o dobro dos automóveis a gasolina desse ano, de 0,51 grama de CO por quilômetro rodado .

Para hidrocarbonetos, a relação foi maior ainda: a média dos poluentes emitidos por motos chegou a 0,25 gramas por quilômetro, cerca de quatro vezes mais que o índice obtido para os automóveis, de 0,069 gramas por quilômetro rodado.

Confira na tabela abaixo a progressão dos limites legais de emissão de poluentes definidos pelo Promot no Brasil.
Arte/Folha Online
Em 2008, a poluição causada por motos era sete vezes maior que a dos carros
Agência Brasil
Quarta-feira - 23/01/2008 - 12h45

Automóveis podem transportar mais pessoas que uma motocicleta e poluem muito menos. Atualmente, as emissões de gases das motocicletas novas são sete vezes maiores do que as emitidas pelos carros zero quilômetro.Este poderia ser um argumento daqueles que são contrários à criação de faixas exclusivas para motocicletas, iniciativa que está sendo tentada pela Prefeitura de São Paulo. Mas a partir de 2009 a afirmação deixará de ser verdadeira: as emissões de poluentes pelas motocicletas estão sendo reduzidas anualmente desde 2003 e serão praticamente iguais às dos veículos leves de quatro rodas.Em 2000, uma motocicleta nova emitia quantidade mais de 16 vezes maior de monóxido de carbono (CO): 12 gramas por quilômetro rodado para 0,73 grama por quilômetro de um automóvel. Em 2006, esse índice baixou para 2,3 em motos contra 0,33 dos carros. Os dados referem-se a motos com motores de 150 cilindradas ou menos e são da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb). A empresa possui o único laboratório do país para balizar as políticas federais do setor.O diretor-executivo da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), Moacir Alberto Paes, e o gerente da divisão de engenharia e fiscalização de veículos da Cetesb, Homero Carvalho, afirmam que a indústria de motocicletas conseguirá cumprir o que determina o Programa Federal de Controle das Emissões das Motocicletas e Similares (Promot). Criado em 2003, este programa estabeleceu um cronograma de redução gradativa da emissão de gases pelas motocicletas até 2009.O diretor-executivo da Abraciclo considera incorreto dizer que as motocicletas poluem mais do que os automóveis, porque o controle da poluição das duas modalidades tem históricos diferentes e o das motos é mais recente: "O controle de poluição em automotores começou em 1986. E o das motocicletas, em 2003. A poluição em 2009 praticamente estará no mesmo nível para os dois tipos de veículo. A indústria de automóveis teve 20 anos para fazer suas alterações e a de motos, quatro."Homero Carvalho lembrou que "a moto nova ainda emite sete vezes mais monóxido de carbono do que o veículo novo, mas esse número já foi pior, 20, 30 vezes [a mais]". E que o controle das emissões veiculares começou em 1987, com os de quatro rodas, "porque era a frota dominante, mas no início dos anos 2000 já era notável a presença das motocicletas nas nossas ruas".Além do monóxido de carbono, as tabelas do Promot e da Cetesb registram valores para a emissão de hidrocarbonetos (HC) e óxido de nitrogênio (NOx) – em ambas, os valores emitidos pelas motocicletas novas ainda são mais elevados do que os dos automóveis.De acordo com o diretor da Abraciclo, há uma diferença na legislação de automóveis e de motocicletas: "A legislação brasileira de motocicletas é a mais rígida do mundo, comparada à européia. A de carros é comparável à americana."Carvalho informou que neste ano a Cetesb e a Abraciclo se reunirão para definir as etapas do Promot a serem implementadas a partir de 2009.