Estudo da ANVISA em 17 tipos de frutas, verduras e legumes aponta que 15,29% possuem resíduos de agrotóxicos proibidos ou além do permitido por leiA população recebeu, nesta quarta-feira (15), um alerta sobre a contaminação de agrotóxicos nos alimentos que estão sendo vendidos nos supermercados. A declaração foi dada pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão, durante o lançamento da sétima edição do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA). O estudo feito pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) revelou que, de 17 culturas analisadas, entre frutas, verduras e legumes, em 1.173 amostras coletadas, 15,29% estavam irregulares quanto aos resíduos de agrotóxicos.“O governo, profissionais de saúde pública e entidades médicas chamam a atenção da sociedade para a necessidade de mudança do padrão alimentar. Comer menos gordura e aumentar a quantidade de frutas, legumes e verduras. É importante, no entanto, que esse conjunto de alimentos seja seguro para o consumo”, afirmou o ministro.O pimentão foi o alimento que apresentou o maior índice de irregularidades, com 64% das amostras contento resíduos de agrotóxicos. O fruto é seguido pelo morango, cenoura e uva que possuem índices de irregularidades superiores a 30%. (Confira a pesquisa completa no http://www.anvisa.gov.br/)
Os resultados insatisfatórios são divididos em duas categorias: resíduos que excederam os limites máximos estabelecidos em legislação ou agrotóxicos não autorizados para aquele determinado alimento.Temporão explicou que o estudo não indica que todos os produtos estão contaminados, variando entre os estados e as amostras. “A pesquisa alerta para que a população saiba que produtos estão mais seguros e para que os produtores sigam as boas práticas de plantio e as recomendações das autoridades sanitárias”, afirmou. Para ele, a sequencia do trabalho desenvolvido pela ANVISA tem trazido bons resultados, como a queda do índice de contaminação em alguns alimentos.O percentual de irregularidades nas amostras de tomates baixou de 44,72% para 18,27%, entre 2007 e 2008. Já para a batata a queda foi de 22% para 2%, entre 2002 e 2008, e a banana de 6,53% para 1,03%, no mesmo período. A boa notícia também é para o arroz, feijão, manga, batata, banana, cebola e maçã, cujas irregularidades não ultrapassaram os 4,5%. A banana, que chegou a apresentar índice de 6,53%, em 2002, fechou 2008 com incidência de 1,03% de irregularidades.Como medidas para reduzir o impacto na saúde do consumidor, o ministro recomendou que, antes do consumo, os alimentos sejam lavados e as folhas externas retiradas. Também enfatizou que os produtos de época contêm menos resíduos de agrotóxicos e aqueles certificados, como os orgânicos e indicação de origem, são alternativas mais seguras para a população.COMBATE – Agenor Álvares, diretor da ANVISA, informou que a Polícia Federal e o Ministério da Agricultura serão informados sobre a descoberta de alimentos contaminados por agrotóxicos proibidos no país. Segundo ele, há uma ação conjunta entre os ministérios da Agricultura, Meio Ambiente e da Saúde para adequar os defensivos agrícolas às necessidades econômicas de produção, às questões ambientais e à segurança da população.“O nosso objetivo é que a atividade econômica não seja predatória da saúde a população brasileira. Isso é algo que a ANVISA não abre mão. O nosso compromisso é com a saúde da população”, afirmou Álvares.Entre 2002 e 2006, foram proibidos 5 ingredientes ativos (benomil, heptacloro, monocrotofós, lindano e pentaclorofenol) e mais de 6 tiveram restrição de uso (IAs captana, folpete, carbendazim, clorpirifós, metamidofós, entre outros).O trabalho de reavaliação de agrotóxicos utilizados no país, em 2008, foi marcado por longa batalha judicial contra liminares favoráveis às empresas, que impediam a avaliação de seus produtos. “Ao final ano, a Anvisa derrubou as liminares e manteve o direito de dar continuidade ao seu trabalho”, disse o diretor.
**Renato Strauss - Agência Saúde*