sábado, 26 de dezembro de 2009

Áreas naturais protegidas absorvem o equivalente a 883 vezes a emissão do Brasil e são solução viável para mudanças climáticas

Áreas naturais protegidas absorvem o equivalente a 883 vezes a emissão do Brasil e são solução viável para mudanças climáticas



As reservas naturais são uma solução eficiente e barata para diminuir os impactos do aquecimento global. É o que mostra o livro Soluções Naturais: áreas protegidas ajudando as pessoas a enfrentar as mudanças climáticas, lançado pelo PNUD, Banco Mundial e pelas organizações União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), The Nature Conservancy, Wildlife Conservation Society e WWF.


Essas áreas funcionam como reservas de carbono — ou seja, absorvem parte do gás carbônico da atmosfera, ajudando a deter os efeitos do aquecimento global. De acordo com o estudo, elas ocupam 14% da superfície terrestre e respondem por 15% das reservas mundiais de carbono, o equivalente a 312 bilhões de toneladas (ou 312 gigatones). O volume equivale a, aproximadamente, 883 vezes as emissões do Brasil (353 milhões de toneladas em 2006, segundo dados do Centro de Análise de Informações sobre Dióxido de Carbono) e 11 vezes as emissões anuais do planeta (28,4 bilhões).


O livro evidencia a importância da contribuição dos países em desenvolvimento – e do apoio dos países desenvolvidos a eles - para a mitigação das mudanças climáticas, uma vez que 60% das reservas naturais se encontram na África e na América. Só a parte brasileira da Amazônia protegida em reservas deve prevenir o desmatamento de 670.000 km², o que evitaria a emissão de 8 bilhões de toneladas de carbono, aponta o estudo.


Além de eficientes, as reservas são um investimento barato. Segundo as estimativas do documento, a adaptação mundial às mudanças climáticas custará de US$ 75 bilhões a US$ 100 bilhões a partir de 2010, e somente as reservas da Bolívia, México e Venezuela, por exemplo, que somam 25 milhões de hectares florestais, retêm cerca de 4 bilhões de toneladas de CO2, que valem de US$ 39 bilhões a US$ 87 bilhões em créditos de carbono.


“Na corrida por novas soluções para as mudanças climáticas, corremos perigo de negligenciar uma alternativa comprovadamente bem-sucedida. As áreas protegidas são um investimento feito pelas sociedades há milênios, utilizando estratégias tradicionais, que provaram seu potencial e eficácia nos tempos modernos”, declara o gerente de Conservação de Paisagens da WWF internacional, Alexander Belokurov.

Adaptação

Mais que mitigar os efeitos do aquecimento global, armazenando e capturando CO2 da atmosfera, os ecossistemas florestais protegidos também proporcionam adaptação às mudanças climáticas. São espaços para escoamento e dispersão de enchentes, evitam a erosão e garantem a fertilidade do solo, são capazes de impedir a formação de tempestades arrasadoras, além de preservar a biodiversidade do planeta, dificultando a propagação de pragas.


As reservas naturais também mantêm a produtividade do solo, permitindo a preservação de importantes áreas de extrativismo, das quais dependem muitas comunidades rurais e indígenas. Além disso, garantem o abastecimento de água de grandes centros urbanos. Segundo o livro, cerca de um terço das 100 maiores cidades do mundo dependem de reservas florestais para seu abastecimento.


“As condições de vida de comunidades rurais, que já têm suas vilas ameaçadas pelas mudanças climáticas, piorará significativamente sem uma ação imediata”, alerta.


Bruna Escaleira
Fonte: PNUD Brasil.